Estava sentada
num daqueles restaurantes da moda (para não dizer daqueles baratos). Era pouco
mais de meio dia, e pela primeira vez na vida ela viu as pessoas da cidade
grande respeitarem o horário do almoço. Já falei que o restaurante estava
lotado?
Ela tinha
verdadeira adoração por tudo aquilo. Movimentação, barulho de buzina, ruas
lotadas, pessoas caminhando apressadas. Muitas pessoas a achavam louca, mas ela
era feliz.
Aquela tarde
seria livre de todo e qualquer compromisso, então só restava terminar a sua refeição
e de dirigir pra qualquer cafeteria que servisse um bom expresso. Foi então que
ele apareceu. Nunca dantes (pelo menos naquela semana) ela tivera visto alguém tão
bonito. Porte escultural, digno de atleta grego. Jurou que aquele homem tivesse
saído de algum filme inglês. Mesmo que os trajes dele, simples camiseta (sem
nenhuma estampa), jeans , adidas star e mochila ao ombro, o fizessem parecer
comum ao meio daquele mar de gente.
Ele chegou
perto, ela sorriu. Ele sorriu, ela imaginou um mundo de coisas. Finalmente ele
chegou perto, ela tremeu. E então ele falou:- “oi, dá pa mim senta aqui?”.
O mundo parou naquele
instante. Não pergunte o porquê, a mente faz essas ilusões acontecerem, e faz o
“filme” passar em uma fração de segundo. E foi isso que aconteceu.
Imaginou ela
delirando no natal com aquela coleção básica de História da arte, que seus
padrinhos trouxeram de Paris, enquanto ele vibrava com o novo PES. Imaginou mais
um governo entrando em crise financeira na Europa, e ele escandalizado com o
preço do energético. Imaginou a reunião básica com os antigos colegas, enquanto
ele olhava pra todo mundo como E.T. Imaginou também, ela debatendo com amigos
sobre as próximas eleições, e ele simplesmente votando em qualquer um, pois, “não
gosta de política”. Ficou horrorizada ao
sequer pensar em querer trocar alguma ideia sobre economia, política,
filosofia, e receber em troca um “vamos
namorar que é mais divertido”. Pior ainda quase teve um surto psicótico ao
pensar as suas amigas descrevendo ele: LINDO!! Pena que é meio burro...
Não precisa nem falar no resto. O que ela
sempre prezou no sexo oposto foi a inteligência, assim como vivia criticando o irmão
caçula por sempre estar rodeado dessas tal de “piriguetes”. Não, não, ela não fazia
o tipo lady, longe disso. Sempre gostou de vídeo game, balada, musica de todos
os tipos, jogava bola, tinha até, muitas vezes, pensamento um tanto quanto
masculinos, mas o que diferenciava ela a educação (criada numa família onde os
livros eram mais importantes que o resto). Por isso quando ela conseguiu se
recuperar do baque inicial que aquele assassinato à língua portuguesa lhe
tivera causado, ela sorriu novamente (só deus sabe de onde ela tira esses
sorrisos maquiavélicos), e disse:- “fique à vontade. Eu já estava saindo”. Deixou
ali, além de um prato de fetuccinni, um semi deus, porque pra deus grego mesmo
faltava a inteligência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário