terça-feira, 29 de novembro de 2016

Verde, a cor da esperança.

Deus inventou o futebol, o Diabo, com inveja o profissionalizou e inventou as competições.
 Ainda lembro a última vez que chorei por causa de futebol. Quartas de finais, França, 1998, Paises Baixos x Argentina. Argentina eliminada e (com 12 anos quem vos escreve) arrasada, chorei. Muito. Meu pai, quem me ensinara a gostar de futebol me disse em bom e claro espanhol "no llores, es solo un juego". As palavras se fixaram na minha cabeça e nunca mais chorei por futebol, até hoje.
O futebol, é talvez a mais ingrata das profissões. Você pode ser o grande herói da partida num instante e no outro a organizada esta pedindo sua cabeça em bandeja de prata. E num instante como este os tantos "se" acumulados vem à tona. Se o Danilo não tivesse pegado aquela bola... Se tivessem ido num vôo autorizado pela ANAC... Se ... Se... Se..
Não é só um jogo, nunca foi. Embora o futebol mundial esteja num nível que "se vocês soubessem ficariam anojados", o surgimento da Chapecoense reascendeu aquela faísca, aquele brilho no olho, aquele futebol que somente conhecíamos por ver documentários antigos, de quando o importante era o bom futebol e não somente o dinheiro, poder e glamour que tudo isso envolvia.
Não é só um jogo, nunca foi. O futebol na vida de muitos deles surgiu como agente de transformação social, para aquele jogador que nem banheiro dentro de casa tinha e hoje pôde através dele dar uma vida digna a sua família. De transformação pessoal para aquele jornalista de cidade pequena que se viu em rede nacional. De união entre uma cidade unda em prol de uma causa, nem que isso significasse uma felicidade efêmera.
Não é só um jogo, nunca foi. Era o exemplo de que uma instituição funcionando sem corrupção e sem jogo de puxa tapete era possível.
Não é só um jogo, nunca foi. Era o reflexo da sociedade. Ele mostrava que aquele menino que ninguém acreditava tinha potencial para ser um grande profissional, como aquele menino, o estagiário sabe? Que todo mundo acha que por ser novo não acrescenta em nada. Mostrava que aqueles "veteranos" que não serviam mais em outros times "grandes" ainda jogavam sim, e como jogavam.
Não é só um jogo, nunca foi. Sempre será sobre esperança, sobre amor ao que se faz, sobre união e sobretudo sobre grandes exemplos de perseverança, trabalho duro e foco no objetivo.
Hoje eu chorei após muitos anos daquela partida de 1998, pois sei que não é só um jogo, nunca foi...
#forçachape